top of page

Eu e "meu véio"


“O jornalismo me escolheu”. Frase dita por um dos maiores repórteres da Televisão Brasileira, Francisco José, para os íntimos- os telespectadores da Rede Globo- apenas Chico José. Ele conta em uma das crônicas no livro “40 anos no ar” sobre sua trajetória nesta profissão desafiadora, árdua, até desvalorizada, mas crucial para o desenvolvimento social, o jornalismo. Curiosamente estava relendo a biografia neste início de ano e viajei no tempo, junto com o meu ídolo. Poder (re) ler a história dele me fez recordar a minha.

Em comum, a paixão pelo esporte, os “pitacos” astutos, a facilidade de interação e a atenção aos detalhes. Entre as diferenças surgem tantas, longínquas tal qual a distância que separa o Nordeste do Rio Grande do Sul. Ele no sertão, eu na minha querida Quarta Colônia de imigração italiana... Enfim. Longes, mas ligados pela profissão.

Se Chico José se encontrou com a apuração, o bloco, a caneta e a informação diária através de “um desafio”, eu me deparei em uma aula de literatura, no primeiro ano do Ensino Médio, no qual cursei no Instituto São José. A professora Edinara Leão sempre incentivava ao teatro, as interpretações. Em uma dessas de imitar a arte, encenei para a vida. Dali a diante passo a ter uma certeza: seria jornalista. Hoje sou!

Olha não foi fácil. Não atribuo as dificuldades às noites chuvosas, aos atrasos dos ônibus, os trabalhos da faculdade, as voltas a pé para casa (para poupar passagem), a cara mensalidade (que tinha que ser paga). Não foi fácil, como não é em qualquer curso. É preciso ter amor, devoção e querer. Nessa jornada algumas pessoas ficaram pelo caminho, uns por laços que se perderam, outros porque “cumpriram sua missão”. É duro. Essas são as perdas que a gente mais sente.

Fica aqui, minha gratidão e carinho ao meu avô Luis Franchi (in memorian). Um guerreiro que empunhou enxada e em cima da sua carreta, com a força dos bois, abriu caminhos, rasgou a terra, por mais árdua, seca e infértil que se apresentava para então semear e colher. Foi exemplo para uma comunidade, para a casa, para minha avó Beatriz, minha mãe Marisa e meus tios, Jusseli e Jussimar. Foi. É exemplo para os netos, (além de mim, Nícolas, Luise, Emanuele, Ana Carolina e Anna Beatriz).

Cito meu avô, pois ele acompanhou de perto esse início. Acreditou em mim. No meu potencial, no meu dom. Me incentivou. Ah, "meu véio", se você estivesse por aqui, sentaríamos na área, tu com teu inseparável (e horrível hábito), o pito e o guri (nosso cusco atoa) e ficaríamos a contemplar os morros que se descortinam por trás dos pinheiros, o açude que espelha os últimos raios de sol, a dança dos pássaros, com uma xícara de café passado, regado a uma prosa mansa. Tenho tanto “causo” para te contar, "meu véio".

Começaria dizendo que 2018 foi de realizações. Formatura, reconhecimento, casa nova, cidade nova, emprego, retorno ao ninho, descobertas, namoro, vish... Muitas histórias. Que falta tu me faz "meu véio". Eu sei que tu estás sempre comigo, acompanhando minha trajetória. Sigo teu exemplo, de humildade, trabalho e, claro, o apetite para um bom café preto passado e conversas.

Um ano, como jornalista, cinco de saudade. Te amo, "meu véio".

Comments


Um transeunte

 

  • Branca Ícone LinkedIn
  • Facebook B&W
  • Twitter B&W
  • Instagram B&W
bottom of page