A coragem e o caminho

Perto do céu o horizonte escancara aos olhos o caos de uma cidade que batalha por desenvolvimento. De lá, o Taperinha se destaca. O Campestre faz jus ao nome, berço da natureza pintado pelo “Menino Deus”. Telhados e lajes abrigam famílias e repousam a esperança de pessoas que vivem a sombra do centro. Impressões de passeio que durou pouco mais de cinco minutos, mas me tirou do chão, onde fui sentado na janela acompanhado de ideias e sonhos.

É estranho pensar que aquele que tem medo de altura se sentiu tão confortável no céu. Claro, a paisagem ajudou (e muito). Embora por vezes, a realidade debaixo desse um aperto no peito. De cima, uma imensidão azul, sem brancos das nuvens, apenas azul e amarelo, que por ora permitia-se alaranjar. Era luz para quem tem sede de brilhar. Não há como não ser feliz dentro de um encurtador de distâncias, que te dá o ar e ensina a desfrutar do caminho mais do que do destino. Aliás, coragem e caminho andam juntos, dividem poltrona e valem mais do que a viagem toda.

Mas para ver o mundo de cima é preciso sair da terra firme. Um desafio e tanto para quem tem os pés chatos no chão. Na partida, a pressão é forte. A gravidade te empurra, não quer que você voe. O Helicóptero reluta, gira de um lado para o outro, busca a melhor posição para romper as amarras do universo e abrir “estrada” para aqueles que tem coragem de encontrar seu lugar ao sol.

Somos fruto das nossas escolhas, do “sim” e “não” que falamos, é assim que a vida se expande ou retrai, para além das nossas habilidades. Em cinco minutos tive a certeza que não existe terra firme, mas existem pessoas e experiências que são âncora e nos trazem segurança para permanecermos fortes em qualquer lugar- até no céu. Voar é peculiar, cada um tem o seu plano de voo, que por vezes é solitário, mas tudo vale a pena quando entendemos que a bagagem que importa é de amor e esperança. Como diria Caetano, "saudade até que é bom, é melhor que caminhar vazio". Para voar não é preciso sair do chão, basta convidar a coragem para desfrutar de um novo caminho e permitir-se viver a rota do destino que se cruza com os sonhos.