O Meu Bom Velhinho
- Lorenzo Franchi
- 3 de jan. de 2017
- 2 min de leitura

Festas de final de ano são sinônimo de nostalgia. É época de valorar a família. Presentes, perus, doces, abraços, sorrisos. A última quinzena de dezembro é recanto para todas as "melhores sensações". Perdoem-me o atraso, ou talvez o adiantar da hora, pois dezembro de 2017 é logo ali.
Sempre fui apaixonado por Natal. Aquele senhor caricato, de barba branca, barrigudo e com um saco abarrotado de surpresas me prendia a atenção. Meu encanto era tamanho, que, inclusive, me orgulho em dizer: fui ajudante do Papai Noel quando criança.
Causava inveja, afinal, quem não quer ser ajudante do Papai Noel? Todos!
Minha mãe, dona Marisa, meus irmãos, Nícolas e Luise, e, eu, costumávamos passar os festejos no interior de Silveira Martins, na comunidade de Linha Seis Sul. Um vilarejo simples, de gente humilde e beleza divina. No salão da comunidade haviam festas, destas de virar noites dançando e bebendo.
Era 24 de dezembro do ano de dois mil e lá vai pedradas, as crianças estavam ansiosas, reunidas em um grande círculo. “Rou Rou Rou... lá vem ele! Engana-se quem pensa que o barbudo vinha de trenó. O meu Papai Noel veio em cima da carroceria de uma caminhonete, uma pampa verde, antiga, trazendo dois sacos enormes de presentes.
Foi um frenesi total, onde os foguetes ficaram tímidos comparados a empolgação dos “bons meninos e meninas” que ali estavam. De vagar ele foi para o meio do salão. Pediu ajuda. Prontamente, eu, fui o mais rápido, e, como tal, ganhei o direito de ajuda-lo. Um a um foi chamado. Além do sonhado brinquedo, um caloroso abraço, o qual jamais esqueci.
Voltei para casa emocionado. Não acreditava que tinha conseguido o “caminhão boiadeiro que tanto pedia e mais, agora poderia me vangloriar em ter sido o que um dia que todos sonharam em ser.
No ano seguinte, a festa trocou de lugar, mas não perdeu a intensidade. Estava um pouco mais velho, talvez mais maduro. Já não tinha pretensão em ser o “ajudante”, mas ainda ficava agitado com a presença daquele senhor. Queria conhecê-lo. Conversar.
As pessoas falavam "vai lá atrás (do galpão) que tu vai ver quem é", brincavam. Preferi não ir, não queria estragar a magia.
Chegou a minha vez. Sentei no colo do Papai Noel. Conversamos. Foram dois minutos de argumentações para que eu ganhasse o presente. No final, por trás da máscara de plástico e da barba saiu um tímido sorriso e um abraço com um cheiro familiar. Era perfume de pai, de avô. Era o meu avô, o seu Luis, meu querido Papai Noel.
Nunca contei para ele que sabia do seu segredo...Agora digo com orgulho, fui ajudante e sou neto do melhor papai noel, o meu querido, "bom velhinho".
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