top of page

Eu queria ajudar, acabei ajudado


Silvio e Fernando, ambos personagens desta crônica

Nem todo o choro é de tristeza, nem todo o sorriso é felicidade. Ah esses clichês, carregados de sentidos...

Chuva, frio e sexta-feira à tarde podem ser boas combinações, mas apenas para quem está de férias. O tempo era desculpa, afinal já estava arrependido em ter marcado uma entrevista para um trabalho voluntário. A escola era longe, a cama convidativa, tudo era empecilho.

Com o guarda-chuva em mãos e encolhido do vento que assoviava pelas ruas, fui recebido por uma simpática assistente social, a Mariana. Logo ela me convidou para entrar e sem enrolar, apresentou-me o motivo que me levara ali: ajudar uma Associação filantrópica a angariar recursos.

O prédio está em condições precárias, as paredes gastas, a tinta descascando. Estrutura que não corresponde às necessidades da comunidade. Após cerca de 15 minutos de conversa, pronto para ir para casa, pois acreditava ter elementos suficientes para executar um bom trabalho, fui convocado a conhecer os alunos. Aceitei.

Sexta-feira é dia de sair, dançar, curtir com os amigos, na Associação, não poderia ser diferente. Os alunos tinham, na opinião deles, a melhor aula: dança.

Sabia que a entidade atendia pessoas com necessidades especiais, mas percebi um equivoco. 50 alunos que de sua maneira peculiar, são exemplos. Exemplos de vida, superação, graça e amor. “Problema” tem quem não consegue enxergar desta maneira.

Levado pelo ritmo, no passo dos meus novos amigos, paro para conversar com duas figuraças, o Silvio, portador da Síndrome de Down, já com uma certa idade e de físico fofinho e o jovial Fernando, aluno com dificuldades intelectuais.

Tive uma aula de moralidade e educação. Revi valores, conceitos e repensei minha posição como homem, como atitudes, como legado.

Um abraço sincero, um beijo estalado acompanhado da frase “eu amo fazer amigos. o Fernando é meu melhor amigo. Entre amigos não há julgamentos, apenas amor”. isso mexeu comigo.Me tocou. Me arrepiou.

A despedida ficou marcada por um longo aperto de mãos e falas que ainda ecoam nos meus ouvidos e param no meu pensar: “nós acreditamos em você. Muito obrigado, meu amigo”.

Eu quem queria ajudar, acabei ajudado. Quem agradece sou eu. Muito obrigado, Silvio.


Obs: na foto, Silvio e Fernando, ambos personagens desta crônica

Quem quiser conhecer mais sobre a Associação, clique AQUI


Comentarios


Um transeunte

 

  • Branca Ícone LinkedIn
  • Facebook B&W
  • Twitter B&W
  • Instagram B&W
bottom of page