Ainda sorrindo
- Lorenzo Franchi
- 31 de mai. de 2016
- 1 min de leitura

Correr pelo centro é sempre sinônimo do inesperado. Hoje, me fiz amigo de um senhor, um pouco alterado, no jargão: bêbado, o “seu” Tina. Conversei com ele por cerca de 20 min, tempo de trajeto do Parque Itaimbé até a Rua Major Duarte, uma tradicional via de Santa Maria.
Um sujeito simples, que de gole em gole, passo a passo, mostrou uma graça singular. Perguntei seu nome, talvez o álcool, ou a simplicidade, fizeram com que ele não revelasse a “real identidade”, mas não precisara. Um nome será apenas um nome, contudo as feições e personalidades pairam a eternidade.
Um homem de estatura baixa, franzino se fez gigante na riqueza de suas histórias. Faltavam dentes, mas não sorrisos. Cada frase, uma metáfora. Cada exemplo, uma reflexão.
Em meio a olhares tortos e desconfiados, a voz risonha do seu Tina ganhou espaço e, fez de palco as ruas quase vazias, ao ecoar carisma.
Papo vai, papo vem, eis que fui surpreendido com tal fala:
- "Guri, tu mereces um aplauso, mas não me confunda. Andar pelado (de bermuda e camisa manga curta) no inverno é para poucos, ainda acompanha e dá ouvidos para um pobre velho. Tu não és um anjo? É?!".
Respondi:
- Se eu falar que sim. O senhor acreditaria? (RIMOS).
Com um abraço cordial nos despedimos. O senhor seguiu para casa, feliz, pois era domingo e como ele disse: “tchau meu filho, vou correndo porque hoje tem sopa no jantar. Sopa é bom quente. Gelado só sorvete”. Eu continuei meu passeio, ainda sorrindo.
Seu Tina. Veste simples, um luxo de pessoa.
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