O contador de histórias
- Lorenzo Franchi
- 18 de mai. de 2016
- 3 min de leitura
TEXTO PERFIL:
Da Boca da Picada, hoje município de Toropi, para o mundo

Quem vê desconfia. Mas é pela sua voz que sua presença se torna marcante. Para alguns um semblante fechado, sério, para outros um brincalhão risonho. Um homem de estatura mediana e com barriga saliente, que, segundo ele, em tempos de brilhantina tinha um corpo de “causar assovios”.
Curioso desde a infância na Boca da Picada, vilarejo que hoje pertence ao município de Toropi, passando por Quevedos, cidade fundada por seus tataravós, e por Tupanciretã até chegar a Santa Maria, em 1954 e transitar por Brasília nas décadas de 70 e 80, para passear pelo Rio de Janeiro no século XX. Essas são as credenciais de um senhor, professor universitário, veterinário, radialista e, é claro, jornalista, ícone de comunicação em Santa Maria, Quintino Corrêa de Oliveira.
A BRINCADEIRA QUE DEU CERTO
Assim como todas as crianças, Quintino projetava em suas brincadeiras, aspirações e anseios do que desejava seguir: a carreira de comunicador. Amante de leitura e de rádio, ele desdenhava da timidez, postava sua voz e com valentia subia aos palcos dos shows de talentos promovidos pelos cinemas para fazer ecoar seu dote.
Dom que logo foi reconhecido por seu amigo, Nando Charão, que o convidou para integrar a equipe de radialistas da rádio Santamariense. O então menino de 17 anos conquistava espaço, o qual não perdeu mais. Em pouco tempo, dois anos após seu ingresso na emissora, saiu para fundar a Rádio Guarathan.
O professor, formado em medicina veterinária, revela que só não se graduou em jornalismo, porque na época o curso não existia- embora ele tenha o registro do ministério do trabalho de jornalista. “Passei a fomentar este que seria meu maior sonho: Ter uma faculdade de jornalismo em Santa Maria”
A identificação e interesse pela comunicação era tamanha, que na década de 60, o radialista chegou a ser presidente da Associação dos Jornalistas de Santa Maria, sendo um agente preponderante na luta pela legalização e regulamentação da profissão, junto ao Ministro Jarbas Passarinho.
REALIZAÇÃO
Passado a luta estatutária do jornalismo, que tivera êxito, o grupo de comunicadores, foi aplaudido por Mariano da Rocha, então reitor da Universidade Federal de Santa Maria em um jantar de final de ano. Na oportunidade eles fizeram uma explanação ao reitor que logo acatou. Assim tem início o curso de comunicação social em Santa Maria- um dos primeiros do Brasil.
Após realizar seu maior sonho, o ainda inquieto comunicador foi um dos fundadores da rádio Universidade e da TV Imembui, hoje RBS-SM. Em paralelo ao seu período de docente na comunicação, Quintino trabalho na pioneira, a rádio Imembui, ganhando o rótulo de HOMEM DO RÁDIO.
HOJE
Após realizar todas, ou quase todas as façanhas sonhadas, o homem da comunicação, está no auge dos seus 76 anos. Ao lado de sua “eterna namorada” Manuela Oliveira, vive a contemplar o mundo, e com paixão viaja por lugares históricos, pois, como ele define: “conhecer a humanidade me fascina”.
Nas horas vagas, além de cuidar dos três filhos e dois netos, coordena a assessoria de comunicação da Associação dos Professores Universitários de Santa Maria, o qual também é um membro curador.
Os cabelos já grisalhos trouxeram consigo as vivências adquiridas, as quais somadas a sua irreverência e descontração o tornam um legitimo contador de histórias. Para os amigos e familiares, “é sempre uma satisfação ouvir as lendas deste grande homem, sinônimo de vida e realização”.
Estas são singularidades de um senhor com nome Comunicação e alcunha Pioneiro, Quintino Corrêa de Oliveira.
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